Em abril de 2011, lancei aqui no blog um post sobre a aceitação de softwares pagos pela comunidade linux. O post intitulado “O usuário de Linux e os softwares pagos“, tinha como objetivo divulgar a pesquisa feita por Marcos Régis Freitas. E hoje divulgo os resultado que ele obteve nessa pesquisa que tem muito a contribuir com a comunidade.
Veja abaixo, na integra, o resultado divulgado pelo autor da pesquisa:
A oportunidade existe!
Muitas pessoas têm a convicção que em Linux não há lugar para ganhar dinheiro, o que não é verdade.
Fato que ninguém gosta de pagar preços abusivos pela licença de um software seja você um usuário doméstico ou o dono de uma empresa. Infelizmente o que separa o preço abusivo de um preço justo não é tão palpável, restando apenas como alternativa na escolha da solução para o seu problema colocá-la na balança do custo benefício.
A necessidade, urgência, conhecimentos técnicos, confiabilidade e outros fatores influenciam no peso do custo, mesmo que este custo não gere diretamente despesas ele pode implicar nelas, como suporte, treinamento, performance, etc…
Neste caso surge um falso estereótipo. O de que o usuário de Linux usa porque não quer pagar os custos, quando na verdade a experiência com os outros sistemas operacionais, na grande maioria dos casos, e/ou a necessidade de um sistema estável, integro e seguro, fazem com que o benefício pese muito mais que os custos.
Considerando esta situação a questão se forma inquietante – “por que as empresas não desenvolvem também para Linux como plataforma, será mesmo que o usuário não quer pagar?” – afinal não são todas as soluções que são suítes consagradas detendo milhões de usuários domésticos.
Com as mudanças recentes no mercado, o novo modelo de venda de software para celulares, as várias formas de cobrança que podem ser aplicadas, flexibilidade para os negócios, nasce esta pesquisa de mercado para responder a questão pendente.
Durante o período de 18/04 até 27/04 de 2011 foi veiculada na internet, feita por mim (Marcos Régis Freitas) e divulgada com a ajuda dos ilustres André Noel (http://vidadeprogramador.com.br – como no sobre da página, programador e não desenhista), Thiago Paixão (coordenador do FLISOL-SP 2011), Kemel Zaidan (coordenador do Ubuntu-SP – http://www.ubuntu-sp.org/) e o blog Cotidiano Linux (http://cotidianolinux.com.br/), que teve como intuito saber a aceitação de software pagos por usuários de Linux.
Na pesquisa foram introduzidos conceitos de software proprietário e software livre, foi também desconsiderada a plataforma.
Tal pesquisa mostra que 91,1% dos usuários de Linux não são contra o uso de softwares pagos no Linux, muito pelo contrário, com 94,4% de todas as respostas afirmando que pagariam por um software, ela prova que a comunidade Linux brasileira está aberta à cobrança por softwares e que 82,2% dos que responderam que pagariam não impõem nenhuma restrição. Dos entrevistados que responderam que pagariam com alguma condição, 70,8% responderam que pagariam somente se fosse um software livre e 14,8% se fosse um software proprietário. Dos entrevistados que não responderam que pagariam (5,6%), 20% ficaram indecisos e 80% não pagariam efetivamente.
A maior parte dos usuários que são contra o uso de software pago no Linux (8,9%) não deixaria de pagar por um software, com 50% afirmando que pagaria por um software sem nenhuma restrição e 18,7% se for um software livre.
Entre os entrevistados 39,4% já pagam por algum software que usam, sendo que 21,1% dos que pagam o fazem porque não conhecem uma alternativa gratuita que satisfaça suas necessidades.
Em resposta a pergunta “por que você optou por Linux?” muitos dos usuários mencionam estabilidade, segurança e flexibilidade como os motivos do sistema. Algumas das respostas:
– “No começo, por curiosidade, aprender um novo sistema. Hoje, pela flexibilidade e agilidade, ele é o que mais atende às minhas necessidades.”
– “Estabilidade, segurança, vontade de aprender coisas diferentes.”
– “Segurança e flexibilidade.”
– “Estabilidade, maleabilidade, necessidade de aprendizado.”
Dos usuários que pagariam pelo software livre 55,3% têm entre 21 e 28 anos, 92,9% do sexo masculino, 41,2% têm ensino superior completo, 42,9% têm superior incompleto, 92,9% trabalham ou trabalharam em alguma área de TI e 63,5% trabalham ou trabalharam com desenvolvimento de software.
Fato que existe uma oportunidade para investir nesse nicho, talvez softwares para plataforma Linux, serviços, aplicativos integrados com soluções móveis e creio que até jogos. O perfil está traçado, fica aberto para criatividade do investidor.
Seja o que for, que seja customizável, aceite plugins, performático e de qualidade, ainda mais se não for livre.
Link para a pesquisa: https://spreadsheets.google.com/spreadsheet/ccc?key=0AhVKs7HTleBZdDE2VnpIWEJyWnhGOXBnRHBzZzAtZXc&hl=pt_BR
Obs.: Esta pesquisa têm aproximadamente 7% de margem de erro calculada sobre uma população infinita.